Já
no novo romance de André Aciman,
reencontramos os personagens anos após os acontecimentos do primeiro livro,
acompanhando seus percalços e novas tentativas de se relacionar. Me encontre chegou às livrarias
causando comoção na época de seu lançamento, entrando na lista dos mais
vendidos do Brasil na mesma semana!
Se
você está morrendo de curiosidade para saber mais sobre o livro, confira as
semelhanças e diferenças entre Me chame
pelo seu nome e Me encontre:
O novo livro é uma continuação?
Sim e não.
Sim
porque Me encontre narra a vida dos
personagens já conhecidos anos após o verão do primeiro romance. Nas últimas
páginas de Me chame pelo seu nome
vislumbramos como estão Elio, Oliver e Samuel, pai de Elio, décadas após se
conhecerem, e vemos um reencontro que demonstra a importância que tiveram na
vida um do outro. Me encontre, em
contrapartida, explora o período entre aquele fatídico verão e esses
reencontros.
E
não, já que o novo livro acompanha os três personagens em períodos distintos. A
primeira parte narra a história de Samuel cerca de dez anos após o verão de Me chame pelo seu nome. Cinco anos
depois, encontramos Elio em Paris, e cinco anos após isso, visitamos Oliver em
sua nova casa. A separação entre os três faz com que Me encontre possa ser lido como uma obra independente, com exceção
de uma parte no final (não queremos dar spoiler!). Além disso, o destaque do
livro é um personagem que havia sido pouco explorado no primeiro romance:
Samuel, que, agora divorciado, encontra uma mulher com quem cria um vínculo
quase que instantaneamente.
Temos a chance de conhecer outros
pontos de vista
Se
em Me chame pelo seu nome temos
apenas Elio como narrador, o que torna a incerteza sobre a reciprocidade de
seus sentimentos ainda mais angustiante, Me
encontre nos presenteia com três pontos de vista. Cada um com seu próprio
dilema, mas unidos em uma dúvida: como se permitir viver um novo amor? E como
ter a certeza de que ele permanecerá vivo?
O
livro é divido em três vozes e começa com a visão de Samuel, que está em um
trem a caminho de Roma para ver o filho. Porém, depois de um contratempo, a
vida lhe proporciona um encontro com Miranda, uma mulher capaz de trazer de
volta a seu coração a esperança de um novo amor.
Na
segunda parte, anos depois, acompanhamos Elio em Paris. Entre aulas, caminhadas
e concertos, ele logo conhece Michel, por quem se apaixona.
Já
na terceira parte, vemos Oliver em Nova York se questionando se está na hora de
acertar as contas com o passado.
Viajar por locais radiantes
Me encontre não se passa em uma casa de veraneio com o barulho das
ondas ao fundo e sucos de damasco à beira da piscina, mas seu cenário é
igualmente cativante.
Longas
caminhadas em Roma viraram um ritual para Samuel e Elio, que passeiam por ruas
repletas de lembranças queridas – vigílias, como eles chamam. Quando Elio se
muda para Paris, a energia dos cafés e dos concertos de música clássica
apodera-se da narrativa, a Cidade Luz brilha com a mesma intensidade do novo amor
na vida do jovem.
Do
outro lado do oceano, Nova York vibra mesmo que o coração de Oliver esteja
melancólico. Na varanda de sua casa, olhando para o pôr do sol da cidade, ele
percebe que está cansado de dizer adeus – ou seu famoso Até logo –, e se recorda
de uma despedida em especial que ainda o atormenta.
Com
personagens que refletem enquanto passeiam por cidades de tirar o fôlego, Me encontre poderia por si só gerar a
sua própria trilogia Antes do Amanhecer.
Nós crescemos e amadurecemos
O
tempo passa, as pessoas mudam. Os três protagonistas estão menos inseguros e
mais maduros. Amores chegaram e partiram, e o coração se acostuma com algumas
perdas. E isso faz com que criar vínculos se torne ainda mais importante e
difícil.
Samuel,
Elio e Oliver estão cientes do quão frágil e raro é encontrar alguém que nos
compreenda por inteiro, o que torna mais cautelosos com seus sentimentos.
O piano, a melodia e as partituras
Nós
já sabíamos que Elio era um excelente pianista. No verão em que conhece Oliver,
o jovem toca Beethoven, Bach, Busoni, e vários outros compositores clássicos,
muitas vezes dedicando as sinfonias para o americano. Agora casado, mas
infeliz, Oliver ouve algumas notas familiares ao piano e é transportado para os
dias quentes na Itália. Apenas algumas notas são o suficiente para fazê-lo
lembrar do que deixou para trás.
Além
disso, o livro é divido em quatro partes, duas delas com nomes de termos
musicais. Cadenza, passagem na qual é possível improvisar, criar algo próprio e
belo. E Da Capo, uma repetição do início da sinfonia, quase uma volta no
tempo.
O amor, o tempo
Me chame pelo seu nome
mostra que cada pessoa que passa por nossas vidas deixa marcas que carregaremos
para sempre e molda como nos comportaremos em relações futuras. Podemos até não
ficar com nossa primeira paixão, mas ela sempre será uma parte importante de
nós.
Me encontre parte desse tema e se aprofunda, refletindo sobre os
efeitos do tempo no amor. Vemos como o sentimento muda à medida que
amadurecemos. Nosso coração se torna mais resistente e não temos a mesma
predisposição a nos entregar por completo após algumas decepções.
Primeiras vezes, segundas chances
Me
chame pelo seu nome acompanha o surgimento da primeira paixão com o ímpeto da
juventude – época em que as dúvidas e a insegurança são constantes. O fato de
saber que todos nós já passamos ou passaremos por isso em algum momento torna a
leitura ainda mais emocionante. A primeira paixão, as primeiras vezes, o
primeiro coração partido.
Me
encontre, em contrapartida, aborda segundas chances. Mergulhamos no
questionamento do que significa se deixar amar novamente e o muros que erguemos
quando isso acontece. Samuel já havia perdido as esperanças de reviver tal
sentimento, e nem havia se dado conta disso. Mas, quando Miranda surge
inesperadamente em sua vida, ele percebe que nunca é tarde é demais.
Elio
e Michel encontram um no outro a chance de viver algo que achavam ter deixado
em sua juventude. Oliver, por sua vez, se sente prisioneiro da própria vida e
procura por uma segunda chance de ser feliz.
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