Duas
mil milhas separam a cidade de Touros,
no Rio Grande do Norte, a Porto Seguro, na Bahia. Mas poucos sabem que ambas possuem um ponto em comum: o
descobrimento do Brasil. Pois é. A polêmica em torno do lugar exato onde Pedro Álvares Cabral desembarcou pela
primeira vez no país voltará à tona nos próximos meses.
O
professor universitário Lenine Pinto,
historiador e responsável por uma ampla pesquisa em torno do assunto, está
finalizando mais um livro, desta vez intitulado “O Bando do Mar”. Na obra, dará continuidade ao seu primeiro livro,
que tornou famosa a polêmica tese de que o Brasil foi descoberto no Rio Grande
do Norte.
No
ano de 1998 Lenine Pinto publicou a
primeira edição do livro, que tinha por título “A Reinvenção do Descobrimento”. Naquela época a publicação foi
destaque nacional pela abordagem da temática do descobrimento, e rendeu ao
professor a participação em diversas palestras e programas de televisão.
Em
entrevista recente, o docente afirmou estar animado com o novo trabalho, que
ele já vem desenvolvendo desde 2007 e pretende lançar no próximo mês de
novembro, durante um encontro de escritores em Natal.
“Neste novo trabalho pretendo apresentar aos
leitores mais detalhes desse importante período de nossa história, detalhes
estes que não estavam na primeira edição”, relatou.
Entre
os pontos que o professor destaca como fundamentais para a tese da descoberta
aqui no Rio Grande do Norte está o fato de Pedro
Álvares Cabral, no dia em que implantou o Marco de Posse na praia de Touros, ter convocado todos os capitães
para uma reunião em seu navio.
No
encontro ele perguntou aos capitães se não seria conveniente enviar um navio de
volta a Lisboa para contar ao rei Dom
Manoel que eles tinham achado a terra. Ao saber da notícia, o rei de pronto
já se dispôs a mandar, no ano seguinte.
Outro
ponto que ele ressalta é que Pero Vaz de
Caminha, ao descrever a descoberta da terra, disse que a primeira coisa que
viu foi um monte alto e redondo, que seria o Pico do Cabugi, segundo a tese de Lenine Pinto. O Monte Pascal, na Bahia, é uma torre, é cortado e
não tem pico. “Isso aí é um atestado
claro do descobrimento aqui”, ressalta.
O
professor também detalhou que o pau brasil nascia aqui no Rio Grande do Norte e
se estendia até Cabo Frio, com uma interrupção na Bahia. “Em Porto Seguro não tinha Pau Brasil, muito menos açúcar, essenciais
para a economia da época”, completou.
Reivindicação histórica
Questionado
sobre a passividade de políticos do RN em reivindicar uma possível correção
histórica sobre a descoberta do Brasil, o professor foi bem direto em sua
resposta. “Os políticos do Rio Grande do
Norte, em outro caso, entregaram a Pernambuco a Ilha de Fernando de Noronha;
eles não têm interesse em ajudar a história, não ligam para o nosso registro”,
desabafa.
Como
benefício ao Estado por essa possível correção histórica, o educador prevê que
a mudança poderia ajudar muito a atividade turística potiguar, gerando mais
atratividade para o RN.