Má
notícia para quem quer aplacar o calor deste verão tomando uma cerveja bem
gelada: uma pesquisa da Universidade de Cambrigde comprovou a relação entre o
consumo de álcool e o surgimento de tumores.
A
partir de testes com cobaias, os cientistas mostraram que a ingestão de álcool
danifica o DNA das células-tronco, o que eleva o risco de câncer. O estudo foi
publicado no periódico científico Nature nesta semana e teve apoio financeiro
do instituto Cancer Research, da Inglaterra.
A
ideia de que o álcool pode causar câncer não é nova. De fato, ninguém acorda
depois de uma bebedeira achando que fez um grande serviço à própria saúde.
Pesquisas anteriores, principalmente estudos populacionais que associavam a
prevalência de câncer ao consumo alcoólico, já sugeriam que existe uma relação
entre a bebida e o surgimento da doença em mais de dez partes do corpo,
inclusive os mais comuns no Brasil como intestino e mama.
A
novidade é que agora os cientistas conseguiram analisar como um derivado do
álcool, o etanal ou acetaldeído, interfere permanentemente no DNA de
células-tronco no metabolismo de ratos ao dar altas doses de álcool a cobaias.
Os pesquisadores perceberam que essa quebra estimula os cromossomos a se emparelharem
aleatoriamente, mudando para sempre as sequências de DNA nas células. O grande
perigo de ter células tronco “defeituosas” é que elas conseguem se multiplicar
e se alastrar para diversos tecidos do corpo com mais facilidade – um prato
cheio para o surgimento de tumores.
O
etanal é produzido quando o nosso corpo está reagindo ao álcool. E você até
consegue senti-lo em ação depois de alguns bons drinks (ou nem tão bons): ele é
o responsável por desencadear o mal-estar da ressaca.
Prova real
Os
cientistas também prestaram atenção em corpo se defende do álcool. Uma enzima chamada aldeído desidrogenase
(ALDH) é capaz de catalisar, quebrar o subproduto maléfico do álcool. Eles
testaram os efeitos nos ratinhos bêbados com e sem ALDH e perceberam que os que
não tinham a enzima tiveram seu DNA afetado até quatro vezes mais. A outra má
notícia que vem junto com a prova real é que milhões de pessoas ao redor do
mundo não possuem essa enzima “anti-ressaca”.
“É
importante lembrar que a liberação do álcool e os reparos no DNA não são
perfeitos e o que o álcool ainda pode causar câncer de vários outros jeitos,
mesmo em pessoas com esses mecanismos de defesa em ordem”, disse o líder do
estudo, Ketan Patel.
O
Instituto Nacional de Câncer (INCA) elenca o consumo de bebidas alcoólicas como
um dos principais fatores de risco para a doença. O número de mortes por câncer
no Brasil aumentou 31% nos últimos 15 anos.
De acordo com informações da OMS, a doença matou 223,4 mil pessoas no
país em 2015. Câncer é a segunda causa de mortes por aqui, atrás apenas de
doenças cardiovasculares. No mundo, a estimativa é 8,8 milhões de vítimas por
ano – o equivalente a população da cidade de Nova York ou de toda a Áustria.
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